Sunday, April 1, 2012

Num jogo surpreendentemente aberto, Benfica vence ao cair do pano


Equipas e movimentações iniciais

No passado sábado, Benfica e Sporting de Braga defrontaram-se no primeiro dos três jogos que se disputarão em pouco mais de uma semana que poderão decidir de uma vez por todas o vencedor do campeonato português. Cientes da vitória do FC Porto conquistada poucos minutos antes do apito inicial, ambas as equipas sabiam que vencer esta partida era absolutamente fundamental. Como tal, não se assistiu a um jogo fechado, mas sim a um encontro inacreditavelmente aberto que qualquer uma das equipas poderia ter ganho.

O confronto da noite passada constituiu o derradeiro exemplo do melhor que ambos os clubes tinham a oferecer. Por um lado, o Benfica manteve o proverbial pé no acelerador (talvez tentando compensar a performance menos exuberante da passada terça-feira contra o Chelsea) e jogou insistentemente ao ataque desde o começo. Por outro lado, o Sporting de Braga mostrou-se igual a si mesmo, defendendo de forma organizada e provando a sua mestria no contra-ataque.

Como habitualmente, a abordagem defensiva do Braga passou por um quase exemplar 4x4x2

Os encarnados tentaram abafar o seu adversário desde os primeiros segundos, com Rodrigo no lugar do suspenso Aimar. Na verdade, o avançado espanhol foi um dos motivos pelos quais as águias desfrutaram de um excelente início de jogo. Com efeito, não só jogou por trás de Cardozo, como insistiu também em descair para a ala esquerda, criando situações de superioridade numérica com a colaboração de Gaitán e Capdevila (o qual, jogando no lugar habitualmente ocupado por Emerson, ofereceu maior fluidez no jogo ofensivo da sua equipa). Por seu turno, o Sporting de Braga tinha claramente a lição bem estudada e, como tal, sabia por onde lançar os seus contra-ataques, particularmente pelo seu lado esquerdo, explorando o espaço que tanto Maxi Pereira como Witsel (o qual actuou em zonas mais avançadas do que o habitual, numa posição semelhante àquela em que actuou no jogo contra o Zenit em casa) deixavam nas suas costas.

Witsel (círculo vermelho) jogou mais à frente do que o habitual

O Benfica mostrou-se muito forte na recuperação da bola em pressão alta, tendo conseguido fazê-lo com frequência, particularmente durante a primeira parte. Contudo, quando os bracarenses conseguiam furtar-se à primeira zona de pressão e fazer chegar a bola a Hugo Viana, criavam situações ameaçadoras, encontrando imenso espaço e poucos defensores à sua frente. Estranhamente, um confronto tão aberto não dispôs de muitas oportunidades de golo durante a primeira parte.

Após sair da primeira zona de pressão do Benfica, os minhotos tinham muito espaço para explorar.
Note-se a quantidade de espaço e o número de adversários à frente de Mossoró.

A segunda parte trouxe consigo mais do mesmo, mas de forma ainda mais acentuada. Nenhuma das equipas podia dar-se ao luxo de perder mais pontos (nomeadamente a equipa da casa) e, como tal, foi sem surpresa que houve mais situações de golo nos primeiros 10 minutos da segunda parte do que em toda a primeira metade. Os encarnados mostravam-se ainda mais afoitos no ataque, abrindo espaços nas suas costas. Com Alan menos preso a amarras defensivas (durante os primeiros 45 minutos, foi apenas e só um médio-direito, em vez de um extremo), era impossível adivinhar quem marcaria o primeiro golo.

Aos 60 minutos, os comandados de Jorge Jesus começaram a acusar o cansaço, incentivando os forasteiros a tentarem a sua sorte e levarem mais do que o empate para o Minho, transformando o jogo num festim de situações de perigo. Ironicamente, o primeiro golo surgiria da marca da grande penalidade, imprudentemente cometida por Elderson ao cabecear Bruno César em vez da bola. Quatro minutos depois, o mesmo Elderson viria a redimir-se ao marcar na recarga a uma defesa de Artur, no seguimento de um livre marcado por Hugo Viana. O último golo apareceria de forma dramática no 92º minuto, numa altura em que o Sporting de Braga estava já defensivamente desequilibrado com as substituições de cariz ofensivo realizadas poucos minutos antes, na procura do empate.

Em resumo, foi algo estranho ver duas equipas com tão bons resultados recentes na Europa (as águias nos quartos de final na actual edição da Liga dos Campeões e os minhotos como finalistas vencidos da Liga Europa da época passada) - geralmente, um bom indicador da capacidade de controlar um jogo - a proporcionarem um jogo tão aberto. Em termos tácticos, foi interessante constatar que a partida de ontem foi um espelho fiel do desempenho das duas equipas ao longo da temporada - tanto nos aspectos positivos como negativos. Na verdade, este encontro não se assemelhou a um típico jogo do título português, mas sim aos jogos loucos entre os 5 primeiros classificados desta temporada na Premier League.

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