Monday, October 8, 2012

FC Porto entra a matar e desacelera em seguida

Equipas e movimentações iniciais


FC Porto e Sporting encontraram-se em lados totalmente opostos do espectro futebolístico. Os dragões vinham de uma excelente exibição e correspondente vitória frente ao Paris Saint-Germain, ao passo que os leões haviam sido trucidados pelo Videoton, com a posterior demissão de Ricardo Sá Pinto. Como tal, não foi de todo surpreendente que Vítor Pereira não promovesse qualquer alteração no seu onze. O treinador interino sportinguista, Oceano Cruz, manteve a mesma estrutura base, optando por Schaars e Elias no centro do terreno e Pranjic à frente de Insúa na ala esquerda, previsivelmente para manter Danilo sob controlo e explorar os espaços nas costas de James Rodríguez, uma vez que o colombiano tende a flectir para o meio.

O plano de Oceano parecia basear-se em restringir os anfitriões e evitar sofrer golos durante o período inicial, instruindo Schaars para que seguisse Lucho quase para todo o lado. Com Elias preocupado com João Moutinho, Fernando ficava frequentemente liberto, uma vez que Izmailov funcionava quase como número 10 e deixava o pivô defensivo portista sem marcação - permitindo aos campeões nacionais desfrutarem de sucessivas situações de superioridade numérica.

Apesar de todas as críticas que tem recebido das bancadas, há que dar crédito a Vítor Pereira por fazer com que este FC Porto jogue um futebol mais fluido na abertura da presente temporada, com o correspondente adiantamento da linha defensiva. Ao recuperar inúmeras bolas logo na transição ofensiva sportinguista, o FC Porto pôde explorar a ausência de Schaars, desposicionado pela movimentação de Lucho. Por seu turno, essa movimentação abria espaços para James, o qual tentou alvejar a baliza precisamente dessa zona (à frente dos defesas-centrais, onde Schaars deveria estar) momentos antes de Danilo oferecer a assistência para o atrevido calcanhar de Jackson Martínez.

Os leões pareceram algo abalados durante alguns minutos, com o FC Porto a permanecer compacto, ainda que exercendo menor pressão em zonas mais adiantadas. Com Mangala no lugar do lesionado Maicon, era provável que os azuis e brancos se deparassem com alguns problemas, uma vez que o defesa-central francês não é tão rápido a reagir e denota maior tendência a fazer passes errados. Para além disso, os comandados de Vítor Pereira começaram a descomprimir após o golo, aparentemente confiantes de que poderiam criar perigo assim que quisessem acelerar o jogo.

Por volta da meia-hora de jogo, o Sporting começou a soltar-se das amarras que havia imposto a si mesmo, percebendo que a defesa subida do FC Porto estava agora vulnerável sem Maicon. Izmailov aproximou-se do seu meio-campo e começou a criar situações de perigo para os seus colegas (e não só), ficando a faltar uma finalização mais apurada. Talvez a intenção de Vítor Pereira tivesse sido sempre essa, pois os jogadores leoninos continuaram a cometer o mesmo erro que cometem há muito tempo, independentemente do nome do treinador: atacar com os dois laterais na perseguição do resultado, abrindo enormes crateras e, por conseguinte, criando situações de inferioridade numérica.

O Sporting ditou os primeiros 15 minutos do segundo tempo. Com Izmailov a assumir cada vez mais a sua presença (o momento da sua substituição foi infeliz, dado que estava a começar a ser o foco de que a equipa visitante necessitava), o meio-campo do FC Porto perdeu por vezes as suas coordenadas, nomeadamente após as más decisões de Varela no último terço do terreno, partindo a equipa em duas partes em circunstâncias críticas. Contudo, se o Sporting pretender efectivamente lutar por uma classificação mais de acordo com os pergaminhos do clube, Elias terá de se envolver mais e oferecer linhas de passe, em vez de se esconder do jogo, sendo igualmente necessário que haja movimentações ofensivas de maior qualidade. Neste momento, todos parecem estar à espera que Carrillo saque um coelho da cartola.

A expulsão de Rojo foi uma consequência natural do maior adiantamento do Sporting (e deveria ter sinalizado o fim do encontro ainda antes da segunda grande penalidade). Embora a abordagem do defesa-central leonino não seja propriamente a ideal, o próximo treinador do Sporting tem de assumir como prioridade a revisão do posicionamento dos laterais em posse, uma vez que deixa a equipa de Alvalada total e desnecessariamente desprotegida.

Em breves palavras, foi um jogo algo fragmentado. O Sporting mantém a sua evidente falta de opções atacantes e o próximo responsável técnico terá uma tarefa árdua pela frente. No que diz respeito ao FC Porto, embora não se possa apelidar a vitória de injusta, houve momentos de perda de controlo e de más tomadas de decisão (particularmente nas transições ofensivas) que poderiam ter tido consequências desastrosas para as ambições portistas. Não obstante, Vítor Pereira estará por certo feliz no seguimento de duas vitórias importantes sem qualquer golo sofrido.

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